quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O que faz um campeão ser campeão


O outro dia estava lendo uma entrevista com o Tiger Woods e uma das suas histórias realmente me impressionou. Questionado sobre alguns resultados que vinha obtendo num determinado ano, ele explicou ao jornalista que havia contratado um novo técnico apenas para cuidar do seu ‘swing’. O novo técnico basicamente ‘reconstruiu’ o movimento e, até controlá-lo com a maestria que lhe é costumeira, Tiger Woods ficou vários meses com resultados medíocres.

Você não precisa saber jogar, nem mesmo gostar de golfe, para ter uma noção de quem é Tiger Woods. Não é apenas um atleta excepcional. É, de acordo com várias fontes, o melhor que já existiu. Num esporte famoso pelo elitismo, Tiger Woods quebrou todas as barreiras e recordes, entrou em clubes antes fechados, ganhou todos os campeonatos importantes que existem.

Mas o que me impressiona nesse assunto não tem nada a ver com golfe. Sabe aquele ditado “em time que está ganhando não se mexe”? Pois é... Tiger Woods discorda. Mesmo tendo a melhor tacada de toda a história, ele contratou um novo técnico para ajudá-lo a melhorar. Poderia ter ficado quieto, ganhando campeonatos e dinheiro. Afinal de contas, para que melhorar algo quando você já é o melhor do mundo?

Minha disputa é comigo mesmo”, disse Woods. Ele provavelmente não conseguia dormir pensando naquilo. Era algo que o incomodava. Será que estava fazendo realmente seu melhor? Será que aquele era realmente o limite?

Usei esse exemplo o outro dia num workshop interno, onde um de nossos melhores vendedores questionou porque precisava aprender uma nova técnica de venda, se já vendia mais do que todo mundo. “Porque a disputa não é com todo mundo”, respondi – “é com você mesmo. Ou você acha que não pode mais melhorar?”.

Reinventar-se em momentos difíceis, na verdade, é até mais fácil do que parece. Porque muitas vezes não existe outra opção. Os verdadeiros vencedores são aqueles que, como as cobras, sentem que precisam “trocar de pele”, ou não conseguirão continuar crescendo. Mesmo que tudo vá bem. Mesmo que pareça que não precisem naquele momento. Mesmo que seja impopular, momentaneamente pouco lucrativo e, francamente, bastante incômodo. Porque reinventar-se significa voltar a ser incompetente justamente no auge da competência. Você precisa ter muita coragem para fazer isso.

Hoje não vou propor nenhum exercício específico sobre esse assunto, apenas uma reflexão. Neste exato instante, você deve ser muito bom em alguma coisa. E, se for realmente sincero com você mesmo, admitirá que, mesmo sendo bom agora, poderia ser bem melhor.

Se você conseguir dormir tranqüilo admitindo, de certa maneira, essa “mediocridade pessoal” – ou seja, comparando o que você é com o que realmente poderia ser -, então dificilmente fará algo diferente, inovador, realmente digno de crédito. Poderá até ter sucesso, mas será um sucesso raso, vulgar, superficial. Ordinário, não extraordinário. Grandes campeões raramente dormem tranqüilos.

A grande escolha que todos fazem na vida, sejam pessoas físicas ou jurídicas, é entre ser ordinário ou extraordinário. O sucesso tem um preço. Não existe almoço grátis (nem lanche). O preço, muitas vezes, é reconstruir-se. Pena que tem tão pouca gente, e empresas, dispostas a isso. Não seja uma delas. Lembre-se sempre que a disputa não é contra os outros – é com você mesmo.


Abraços.

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